12/02/2015

Estreia hoje #50 tons de cinza

'50 tons de cinza' perde a graça ao mostrar sexo comportado
No 1º filme da trilogia, que estreia nesta quinta (12), Christian Grey é pudico.
Diretora falha ao cortar boa parte do 'pornô para mulheres' de E. L. James.
Christian Grey se decepcionaria com o filme "Cinquenta tons de cinza", da diretora Sam Taylor-Johnson ("O garoto de Liverpool"). O personagem que "não curte romance" ganhou uma versão pudica, interpretada por Jamie Dornan (da série "The Fall") no longa que estreia nesta quinta-feira (12). (Assista ao trailer legendado acima)
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Baseado no primeiro volume da trilogia erótica de E. L. James, que já vendeu mais de 100 milhões de cópias em todo o mundo, "Cinquenta tons de cinza" retrata o relacionamento do jovem milionário Christian Grey com a estudante Anastasia Steele.
A atriz Dakota Johnson, em seu primeiro grande papel, é tão convincente como a virgem Ana que chega a ser irritante. Ela fala sussurrando, tem os olhos aguados e postura fragilizada. Até aí tudo bem, já que a personagem é a "submissa" do livro. A falha do filme está no Sr. Grey. Cadê o "dominador" da história? Taylor-Johnson e a roteirista Kelly Marcel ("Walt nos bastidores de Mary Poppins") certamente não encontraram o tom do sadomasoquismo da obra de E. L. James.
Sexo comportado
Toda a graça se perde na adaptação. A "pornografia para mulheres", como o livro foi definido no lançamento em 2011, se transforma em sexo comportado. Mais da metade das cenas de sexo foram cortadas, como as de Anastásia fazendo sexo oral em Christian, e as que ficaram têm poucos minutos de duração.
Cena de 'Cinquenta tons de cinza'. (Foto: Divulgação)
Dakota Johnson e Jamie Dornan em 'Cinquenta tons de cinza' (Foto: Divulgação)
Nem Dakota nem Jamie Dornan têm seus órgãos sexuais visíveis no filme. O personagem dele, em particular, parece fazer um monte de jogos na sua sala secreta sem tirar a calça, o que parece desconfortável. Algumas situações chegam a ser engraçadas de tão fofinho que ficou o erotismo. Para quem já viu "Ninfomaníaca", do diretor Lars von Trier, por exemplo, a palmada que Christian dá em Ana nem dói.
A atriz Dakota Johnson como a personagem Anastasia Steele no filme 'Cinquenta tons de cinza', adaptação do best seller erótico escrito por E.L. James (Foto: Divulgação)
Dakota Johnson como a personagem Anastasia
Steele no filme 'Cinquenta tons de cinza'
(Foto: Divulgação)

Até a linguagem dos personagens é diferente da do livro. O texto em que Christian diz  "realmente gostaria de comer seu c..., Anastasia" foi substituído para "não quero a introdução da sua mão no meu ânus, Grey". Os diálogos sem frescura e bem diretos, que chamaram a atenção em um livro por mulher para mulheres, somem. Raramente os personagens soltam palavrões. Ficou certinho demais. É tudo tão cronometrado que a pegação parece mais insossa que beijo técnico de filme teen da Disney.
O pouco romantismo do livro ganha destaque no filme. Uma cena em que o casal sobrevoa Seattle no helicóptero dele, ao som de "Love me like you do", de Ellie Goulding, é tão açucarada quanto qualquer comédia romântica. Resta aos fãs de E. L. James protestarem para que "Cinquenta tons mais escuros" e "Cinquenta tons de liberdade", os outros dois filmes da trilogia já confirmados pela Universal Pictures, recuperem a pornografia perdida.
Cena de 'Cinquenta tons de cinza'. (Foto: Divulgação)

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